A velha crença de que a prática esportiva aceleraria o envelhecimento do revestimento cartilaginoso do joelho, levando à temida doença inflamatória degenerativa denominada artrose, ainda é muito presente em nossa sociedade. O temor em se desenvolver esta condição de caráter incapacitante progressivo, infelizmente mantém algumas pessoas pouco ativas.
No consultório, são comuns relatos como “minha mãe tem artrose grave e tenho medo de jogar bola ou de correr”. Esportes ligados ao esforço repetitivo cíclico como a corrida de rua, corrida de montanha e ciclismo, teoricamente teriam íntima ligação com a doença. Ou seja, quanto mais se corre e pedala, mais se degrada a cartilagem e mais se acelera a doença. Certo? Talvez!
Um estudo realizado na Baylor College of Medicine do Texas apresentado na reunião anual do American College of Rheumatology constatou, entretanto, menor incidência de artrite nos corredores, independentemente da idade, sexo e tempo no esporte.
Os pesquisadores analisaram dados de 2.683 participantes em um estudo de oito anos de duração. Os voluntários foram dispostos em quatro blocos de faixas etárias: 12-18, 19-34, 35-49 e 50 ou mais. Também foram coletadas informações sobre radiografias dos joelho e os relatos de dor. Estas radiografias foram tiradas novamente dois anos mais tarde.
Usando esses critérios diagnósticos, os pesquisadores classificaram 22,8% dos participantes que tinham praticado corrida em algum momento de suas vidas (incluindo atualmente) como portadores de artrose do joelho, em comparação com 29,8% daqueles que nunca tinham corrido. A constatação é ainda mais significativa quando se considera que a idade média dos participantes do estudo foi de 64,7.
A corrida, quando praticada dentro dos limites fisiologicos, a qualquer momento na vida não parece prejudicial, e pode ser protetora em relação ao desenvolvimento de artrose do joelho, concluíram os pesquisadores.
Um outro estudo publicado no ano passado revelou que os corredores tinham cerca de metade da incidência da artrose do joelho, quando comparados aos praticantes de caminhada. Mas, qual seria a razão disso? Pesquisadores baseiam-se em três teorias:
1. Atletas e pessoas ativas costumam ter melhor controle do peso. Um menor índice de massa corporal médio geraria menor “pressão” sobre o joelho.
2. O treinamento geraria uma melhor capacidade de absorção de energia cinética da musculatura, o que “protegeria os joelhos”.
3. O esporte levaria a uma maior concentração articular de enzimas anti-inflamatórias, denominadas interleucinas.
Apesar dos dados interessantes publicados por este estudo, a correlação da artrose no esporte segue em curso em outras instituições. Atividades como a corrida de rua ainda mantêm elevadas taxas de lesões, principalmente se praticada sem avaliação médica pré-esportiva e sem orientações de um treinador especializado.
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