Recentemente uma polêmica entre médicos do esporte europeus e norte-americanos ressurgiu. A discussão sobre quais exames deveriam ser feitos para evitar problemas médicos no esporte. Estudantes norte-americanos de 12 a 25 anos só precisam responder a um questionário de 14 perguntas que são analisadas detalhadamente por médicos. Enquanto isso, os especialistas europeus têm outra conduta, pedem consulta com especialista em cardiologista do esporte, além de eletrocardiograma e ecocardiograma.
Aqui no Brasil também seguimos um protocolo mais cuidadoso, criado há anos e que faz parte da Diretriz em Cardiologia do Esporte. Ou seja, por aqui, para menores de idade, recomendamos consulta especializada, eletrocardiograma e exames de laboratório: hemograma, urina, colesterol total e frações e triglicérides. Se o garoto for federado, ainda incluímos o teste ergométrico até exaustão. Evidentemente que se o médico julgar necessários outros exames, nada o impede solicitá-los.
Os resultados europeus tiveram o mérito de detectar um número significativo de cardiopatias arritmogênicas de alto risco (síndrome de pré-excitação) e que só o eletrocardiograma pode diagnosticar. Além disso, puderam encontrar outras cardiopatias apenas pela interpretação moderna do eletrocardiograma (ECG), que tem novos critérios, no caso de atletas.
O autor da pesquisa, Dr. Sanjay Sharma, da Universidade de St. George, em Londres, disse ao “theheart.org | Medscape Cardiology” que dos 42 atletas que realmente tinham condições cardíacas graves, apenas três apresentavam sintomas, ou seja, 07%, o que demonstra a importância do eletrocardiograma. Vale relatar que a Associação Inglesa de Futebol determinou uma específica triagem cardíaca para todos os jogadores adolescentes em 1997. Mais de 11 mil atletas (idade média de 16,4 anos) do estudo foram selecionados de 1996 a 2016 com consulta com cardiologista experiente na adaptação cardiovascular do atleta, exame físico, ECG e ecocardiograma.
Por tudo isto, nós recomendamos que quando uma criança pretende praticar esporte competitivo, que se faça uma competente avaliação pré-participação médica, com foco cardiológico, ortopédico e nutricional. Com essas medidas, o garoto terá uma diferença positiva para iniciar uma carreira esportiva sem preocupantes riscos cardiovasculares, com chance de poder desenvolver muito bem suas qualidades e aptidões técnicas.