Quanto menos tempo de sono, pior o desempenho esportivo
11/07/2022

Por Guilherme Renke

Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Quanto menos tempo de sono, pior o desempenho esportivo

Médico do esporte e endocrinologista, Guilherme Renke explica estudo que mostra o impacto de de uma noite não dormida na performance

Já é sabido uma boa noite de sono, com pelo menos 6 horas de duração, sem interrupções e de boa profundidade, é essencial para o bom funcionamento do corpo. Ainda assim, cerca de 45% da população ocidental não conseguem manter uma noite adequada de sono devido ao estilo de vida adotado, exposição à luz artificial, consumo de cafeína, estimulantes e outros fatores.

O não cumprimento desse descanso mínimo leva a diversas desregulações de hormônios e neurotransmissores, afetando níveis de leptina, cortisol e hormônio do crescimento, entre outros. Além, também, de aumentar as chances do desenvolvimento de diversas doenças crônicas como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e até mesmo problemas neurológicos, como dificuldade de memória.

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Quando falamos do desempenho esportivo, este depende fortemente de boa regulação metabólica do corpo - o que, por sua vez, está diretamente ligado à qualidade do sono. É justamente durante esse período que fazemos diversas regulações do organismo que são essenciais para seu bom funcionamento e para o desempenho físico e mental, além do reparo celular após os treinos.

Um grande estudo revisional publicado no periódico internacional Sports Medicine, ainda nesse ano de 2022, investigou o desempenho do exercício sob condições de sono normais (mais de 6 horas em qualquer período de 24 horas) e perda de sono (6 horas ou menos de sono em qualquer período de 24 horas). Foram avaliados desempenho na atividade anaeróbica, resistência de velocidade/potência, exercício intervalado de alta intensidade (HIIT), força, resistência, resistência de força e habilidade.

Os resultados mostraram que todos os grupos de exercícios estudados foram afetados pela restrição do sono, havendo ainda uma correlação entre o menor tempo de sono e a piora gradativa do desempenho esportivo.

Estratégias para amenizar a perda de desempenho foram sugeridas, como treinar logo ao acordar sendo mais indicado do que realizar a sessão de exercício a tarde ou a noite no dia seguinte à privação do sono.

Hábitos de vida saudáveis, como manter boa alimentação, boa ingestão de água e, sem dúvidas, uma boa noite de sono são fundamentais para a saúde no geral e, principalmente, para a boa performance no treinamento físico. Profissionais qualificados em uma equipe multidisciplinar poderão ajudar na realização dos ajustes necessários para a boa prática de atividade física.

 

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

 

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