Uma pesquisa recente do WW Vigilantes do Peso mostra que 37% dos brasileiros ultrapassam o consumo de até seis colheres de chá de açúcar por dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de até 25 gramas do produto. O consumo excessivo do açúcar pode trazer diversos prejuízos para a saúde como doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, além de dificultar o processo de emagrecimento, já que contém um alto valor calórico. O açúcar refinado, o mais comum nos lares brasileiros, é um dos principais vilões da alimentação saudável, já que seu processo de produção faz com que ele perca qualquer benefício que poderia trazer para o nosso organismo e se transforma em um alimento de caloria vazia, ou seja, não nutritivo.
Veja abaixo todas as implicações que podem ocorrer em nosso corpo quando consumimos açúcar, especialmente o refinado, acima do recomendado:
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- O consumo de açúcar simples gera picos e quedas repentinas de glicemia no sangue. A cada "baixa", sentimos ainda mais vontade de comer. Se a próxima escolha for um carboidrato ou doce, por exemplo, o ciclo se reinicia. Com o passar dos anos, esse ciclo vicioso contribuirá também para o surgimento de outras doenças, como pressão alta, colesterol e obesidade. - comenta a nutróloga
- Além do maior controle das calorias ingeridas, ao parar de consumir açúcar, a pessoa terá um melhor controle do diabetes. E quanto mais tempo a pessoa continuar com esta alimentação, não precisará se preocupar com essas complicações - explica a endocrinologista Rosana Radominski
- A pele vítima de glicação apresenta sinais de envelhecimento, como rugas e linhas de expressão, além de também apresentar flacidez e manchas. Além disso, ela tem a aparência espessa e perde seu viço e luminosidade. Após um longo período sem consumir açúcar, nota-se a melhora no aspecto da pele- comenta a endocrinologista Bruna Marisa.
- Quando ingerimos açúcar, os níveis de glicose no sangue aumentam, fazendo com que o pâncreas produza insulina, hormônio responsável por reduzir a glicose, além do normal. Para reequilibrar o organismo, nosso sistema coloca em ação a insulina, que tem como objetivo fazer a glicose circular. O excesso de açúcar é considerado tóxico e acaba se transformando em gordura, que interfere no equilíbrio nervoso. Além disso, um estudo feito em 2008 pelo The Scripps Research Institute, uma organização americana privada, apontou que o açúcar pode reduzir as atividades da orexina, um neurotransmissor que regula a excitação, a vigília e o apetite. Quando esses neurotransmissores têm suas atividades reduzidas, o organismo passa a ficar mais sonolento e cansado - explana a nutróloga.
Segundo a médica Marianna Magri Real, nutróloga do Hospital Albert Einstein de São Paulo, o açúcar tem ainda grande influência na compulsão alimentar.
- Quanto mais açúcar e alimentos refinados e ultraprocessados consumimos, mais o nosso paladar fica viciado nesse excesso de sabor. Esses alimentos ultraprocessados são geralmente acompanhados de xarope de milho, que tem alto teor de frutose, ou substâncias que aumentam a palatabilidade. E os alimentos açucarados agem diretamente no nosso cérebro, ativando o circuito de recompensa a curto prazo, o que aumenta a produção de dopamina, neurotransmissor que provoca a sensação de prazer e aumenta a motivação - explica a nutróloga.
Já a médica endocrinologista Rosana Radominski comenta que o consumo de açúcar em excesso contribui para o aparecimento de gordura no fígado.
- Além do excesso de peso e do diabetes, o açúcar consumido em grande quantidade, quando não é gasto, se transforma em triglicerídeos em nossa corrente sanguínea. E esses triglicerídeos são acumulados no fígado, o que pode acarretar uma série de problemas no funcionamento deste órgão - comenta Rosana, que é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professora titular da Universidade Federal do Paraná.
Claro que o corpo precisa de açúcar para ter energia, mas para isso o açúcar natural presente, por exemplo, nas frutas têm um efeito muito menos nocivo. Com cinco porções de frutas diárias, já há a ingestão de frutose (o açúcar natural das frutas) e, junto a ela, das fibras, vitaminas, minerais que ajudam a regular o metabolismo e, com isso, minimizam o ganho de peso e maximizam os ganhos nutricionais.
Já a médica endocrinologista Rosana Radominski comenta que o consumo de açúcar em excesso contribui para o aparecimento de gordura no fígado.
- Além do excesso de peso e do diabetes, o açúcar consumido em grande quantidade, quando não é gasto, se transforma em triglicerídeos em nossa corrente sanguínea. E esses triglicerídeos são acumulados no fígado, o que pode acarretar uma série de problemas no funcionamento deste órgão - comenta Rosana, que é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professora titular da Universidade Federal do Paraná.
Claro que o corpo precisa de açúcar para ter energia, mas para isso o açúcar natural presente, por exemplo, nas frutas têm um efeito muito menos nocivo. Com cinco porções de frutas diárias, já há a ingestão de frutose (o açúcar natural das frutas) e, junto a ela, das fibras, vitaminas, minerais que ajudam a regular o metabolismo e, com isso, minimizam o ganho de peso e maximizam os ganhos nutricionais.
Uma das principais preocupações dos atletas é ter energia suficiente para realizar os treinos e competições. Mas não é qualquer tipo de açúcar que cumpre satisfatoriamente esta função. Os açúcares são uma importante fonte de energia para as atividades físicas, entretanto, o açúcar refinado é um veículo para fonte de energia rápida, mas pobre nutricionalmente.
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A nutricionista Natália Guerra Bordignon, ex-atleta da seleção brasileira de judô, explica a diferença entre os tipos de carboidratos e como eles impactam na alimentação.
- O carboidrato tem uma função importante para a saúde e também para o desempenho do atleta, que pode se beneficiar do consumo do carboidrato simples, principalmente durante e após os treinos e competições e quando calculado de acordo com suas necessidades. Já o excesso de açúcar refinado pode gerar um ganho de peso para esse atleta e consequentemente um aumento de gordura corporal gerar constipação, disbiose intestinal, diminuição da absorção de vitaminas e minerais. E também diminuir o sistema imune, deixando o atleta vulnerável para gripes, infecções e lesões. Então essas implicações acabam gerando a queda da performance esportiva de vida das diminuições das capacidades fisiológicas do atleta, como exemplo, velocidade, potência e capacidade aeróbica - comenta Natália.
A nutricionista explica que refeições com alto índice glicêmico, principalmente quando ingeridas próximo do exercício, afetam negativamente o rendimento do esportista. Natália explica que a elevação rápida da glicemia desencadeia a liberação excessiva de insulina, resultando em hipoglicemia de rebote, o que gera desconforto como enjoo, náuseas e tonturas.
- Existem atletas que sentem e os que não sentem este desconforto, então é indicado manter uma alimentação de índice glicêmico moderado e baixo. Por exemplo, fazer um mix desses carboidratos. Líquidos e refeições com alto índice glicêmico são muito bem-vindas na dieta dos atletas, mas devem ser ofertadas principalmente quando os estoques de glicogênio musculares estão diminuídos. Então, o mais comum é ofertar no intervalo e no término dos exercícios o aumento constante nos níveis de glicemia. Principalmente longe das sessões de treinamento - explica Natália Bordignon.
Mas a nutricionista também comenta que os açúcares são aliados na rotina de quem pratica esportes e explica que dietas restritivas em carboidratos em dias de prova afetam o desempenho do atleta, pois impacta na função cognitiva, aumento de confusão mental e aumento de fadiga e cãibras. No entanto, o consumo de carboidratos não precisa incluir necessariamente doces ou bebidas com açúcar refinado. Grãos, massas e frutas são ricos em carboidratos, inclusive os simples, em alguns casos, como o da banana.
- Estudos com jogadores de futebol, por exemplo, demonstram que os jogadores com concentrações de glicogênio muscular diminuído apresentam valores de velocidade e de distâncias percorridas bem menores na segunda metade do jogo do que outros jogadores que já iniciaram o jogo com níveis adequados de glicogênio muscular. O consumo de carboidrato é bem importante, tanto no dia de prova mas também nas 24 e 48 horas que antecedem a prova. É necessário manter altos esses estoques de glicogênio muscular, então é recomendado o consumo de cinco a seis refeições diárias pelos atletas neste período. - explana Natália.
Como comentamos anteriormente, a ingestão de açúcar está diretamente relacionada a diversas disfunções do organismo como diabetes e obesidade. Mas quando falamos em ocorrência de câncer, a associação não é tão simples. Isso porque o açúcar não causa câncer, mas pode alimentá-lo.
A nutróloga Marianna Magri explica que as células cancerígenas, assim como todas as demais células do nosso organismo, precisam de fontes de energia para sobreviver. E a fonte mais “apreciada” pelas células defeituosas é justamente a glicose que, juntamente com a frutose forma a sacarose, ou o açúcar comum.
- A partir dessa constatação, muita gente acha que simplesmente abolindo o açúcar da dieta é possível evitar ou mesmo combater o câncer. Mas é preciso lembrar que as células saudáveis também precisam de glicose. E não há como dizer ao nosso corpo que entregue a glicose necessária para as células saudáveis, mas não faça o mesmo com as células cancerígenas. O elo já é bem conhecido e foi melhor compreendido, através de estudos e trabalhos com roedores que mostram que os animais que seguiam uma dieta rica em açúcar tinham níveis maiores de interleucina 6 e TNF-alfa, duas substâncias inflamatórias - explica. - E a inflamação, como se sabe, está relacionada aos tumores. O consumo elevado de açúcar colabora com um processo inflamatório constante nas células, o que facilita o aparecimento do câncer.
Pesquisadores do Reino Unido publicaram uma pesquisa em 2018 que analisou a ocorrência de 12 tipos de câncer e concluiu que tanto a diabetes quanto a obesidade foram responsáveis por mais de 1,6 milhão de novos casos em todo o mundo.
A endocrinologista Bruna Marisa explica que a ocorrência de diabete mellitus afeta também o coração e os vasos sanguíneos, o que aumenta também o risco de infarto e derrame cerebral.
Então, para ter uma dieta mais saudável, níveis de insulina, triglicerídeos e glicose controlados, fuja do açúcar refinado e alimentos processados.
Fontes:
Marianna Magri Real - Médica Nutróloga do Hospital Albert Einstein. Atua na área de saúde em São Paulo há mais de cinco anos, sempre foi uma entusiasta da culinária e alimentação saudável.
Rosana Radominski - É médica endocrinologista pela UFPR e possui especialização em Medicina do Esporte pela UNIFESP. Tem mestrado em Clínica médica pela UFPR e doutorado em Endocrinologia na Universidade de São Paulo - USP. É membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e também professora titular da UFPR - Universidade Federal do Paraná.
Natalia Guerra Bordignon - Nutricionista com especialização em Fisiologia do Exercício. É ex-atleta da Seleção brasileira de judô e da Marinha do Brasil.
Bruna Marisa - Médica endocrinologista e pós-graduada em Medicina Ortomolecular. Também é especialista em emagrecimento.