Deslizes na dieta durante o fim de semana podem desregular o metabolismo
02/04/2018

 

Especialista diz que quando fugimos da alimentação equilibrada, crescem as chances de desarranjar a flora intestinal, desenvolver obesidade, inflamações no intestino e alterar principais hormônios

 

Se alimentar de maneira saudável durante a semana e sair completamente da linha nos fins de semana - ou feriados como a Páscoa, por exemplo - parece não ser bom para o equilíbrio de sua microbiota. Imaginem cinco dias seguidos de paz absoluta, equilíbrio, tranquilidade e depois dois dias inteiros de invasores desequilibrados. Isso é o que acontece na nossa flora intestinal quando mantemos uma dieta equilibrada durante a semana e nos fins de semana agimos como se não houvesse amanhã, comendo sem limites e sem equilíbrio.

A famosa desculpa de que uma vez por semana não faz mal ou de vez enquanto pode, parece não ser benéfica para a microbiota. Um estudo publicado no Journal of Molecular Nutrition and Food Research, examinou os impactos da dieta "ioiô" na microbiota intestinal, usando camundongos como modelo. Este foi o primeiro estudo a comparar a forma como a exposição contínua ou irregular de uma dieta pouco saudável pode afetar a composição da microbiota intestinal.

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Por que a microbiota é tão importante?

Embora o número real de células microbianas seja objeto de debate recente, hoje as estimativas são de que até 100 trilhões de células de microrganismos parecem habitar o intestino humano, um número muito maior do que as próprias células humanas de um organismo. Estas células podem influenciar no metabolismo, nutrição e função imunológica. Esta crescente evidência mostra que eles também são importantes para a nossa saúde mental. E atualmente são consideradas o segundo genoma, sendo conhecido como microbioma humano.

O desequilíbrio dessa microbiota do intestino tem sido associado com doenças gastrointestinais, tais como doença inflamatória intestinal e obesidade. Além da dieta, hoje já se sabe que a composição genética individual, o uso de antibióticos, e a higiene também podem moldar o microbioma. O exercício também parece impactar a diversidade e os tipos de bactérias encontradas no intestino.

A alimentação pode influenciar o nosso microbioma?

O papel da microbiota no desenvolvimento da obesidade vem sendo alvo de inúmeros estudos investigativos, que apesar de controversos, cada vez mais indicam que a composição do nosso microbioma é fundamental para o desenvolvimento ou não de obesidade e sobrepeso, entre outras características. Essas alterações foram associadas não apenas com o ganho de peso e massa gorda adicional, mas também a alterações dos principais hormônios que regulam o metabolismo, como a insulina.

Com todos esses indicativos, no estudo foi então verificado o que aconteceria em animais comendo uma dieta de baixa gordura quatro dias por semana, seguido por um "desafio" de alimentos ricos em gordura por três dias a cada semana, em relação a animais que ingeriam apenas "junkfood" e animais com a dieta saudável.

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Dos três grupos, o que mais emagreceu foi o que permaneceu em uma dieta saudável constante. Mas o mais incrível é que os animais com a dieta de ciclos saudáveis e não saudáveis apresentaram a microbiota igual aos que permaneceram o tempo todo na dieta não saudável. Ou seja, em termos de microbioma, a dieta deve ser constantemente saudável e controlada.

A dieta de "junk food" também reduziu a abundância de espécies microbianas capazes de metabolizar flavonoides, que têm sido sugeridas como ajudantes não só na perda de peso, mas também por exercerem funções de proteção dentro do cérebro.

Por que isso é importante?

Se este mesmo fenômeno ocorre em seres humanos, aqueles que são rigorosos com a sua dieta durante a semana podem ter tudo o que um bom trabalho conseguiu sendo desfeito por "junk food" no fim de semana.


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Bibliografia:

Margaret J. Morris et al., Alternating or continuous exposure to cafeteria diet leads to similar shifts in gut microbiota compared to chow diet. Mol Nutr Food Res. 2016 Jan 14.

Plaza-Diaz, J. (2014). Modulation of immunity and inflammatory gene expression in the gut, in inflammatory diseases of the gut and in the liver by probiotics. World Journal of Gastroenterology, 20(42), 15632.

Voreades, N., Kozil, A., & Weir, T. L. (2014). Diet and the development of the human intestinal microbiome. Frontiers in Microbiology, 5(September), 1–9.

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

 

 

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