Esta é a primeira pesquisa a sugerir que bons hábitos podem até mesmo prevenir a manifestação da doença
Alguns pacientes com Alzheimer podem nunca manifestar sintomas, como perda de memória ou confusão, revelou um novo estudo publicado no periódico científico The Lancet Neurology. O segredo para esse fenômeno está na manutenção de hábitos saudáveis e de uma vida ativa, mesmo depois da velhice.
Estudos anteriores já haviam indicado que viver de forma saudável na velhice pode evitar a demência, mas esta é a primeira pesquisa a sugerir que bons hábitos podem até mesmo prevenir a aparição dos sintomas.
“A fragilidade pode desencadear a expressão clínica da demência, mas ela pode permanecer assintomática em alguém que não é frágil. Este é um passo enorme na direção certa para a pesquisa de Alzheimer”, disse Rockwood.
Para chegar a essa conclusão, a equipe avaliou 456 idosos matriculados em um projeto de memória e envelhecimento. A análise do cérebro dos participantes foi feita depois da morte para verificar se algum deles sofria de demência.
Os resultados dos exames mostraram que 8% dos idosos acompanhados tinham alterações cerebrais relacionadas ao Alzheimer, como placas de proteínas, mas não manifestaram sintomas. Já 11% sofriam do problema, mas tinham poucas das placas cerebrais características da doença.
Segundo a equipe de pesquisadores da Universidade de Dalhousie, no Canadá, os pacientes assintomáticos tinham menos fadiga, problemas nas articulações, no coração e de mobilidade. Além disso, também apresentavam menos osteoporose e boa capacidade de preparar refeições – indícios de uma boa saúde.
“É possível que ajudar as pessoas a manterem a independência mais tarde na vida ajude a reduzir o risco de demência e a gravidade dos sintomas debilitantes comuns nesta doença”, comentou Kenneth Rockwood, principal autor do estudo, ao Telegraph.
De acordo com a ONG Alzheimer’s Research UK, a manutenção de bons hábitos de saúde, como não fumar, manter o peso adequado, controlar a pressão arterial e o colesterol, ter uma boa alimentação e fazer exercício físico são algumas das formas para evitar o problema. No caso do diagnóstico, é preciso continuar com essa rotina para atrasar o início dos sintomas, conforme revelado pelo novo estudo.
Outra forma de prevenir o Alzheimer é evitar o stress. Um estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease descobriu que fatores psicológicos, especialmente a síndrome de burnout – associada ao stress crônico e depressão – podem aumentar em até 40% a probabilidade de um indivíduo desenvolver demência.
“O estresse pode ter consequências graves e prejudiciais, não apenas para a saúde do cérebro, mas para a saúde em geral”, alertou Sabrina Islamoska, principal autora do estudo, ao Medical News Today.
Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), a síndrome de burnout é caracterizada pela sensação de exaustão emocional, insatisfação pessoal, sentimento de inferioridade em relação aos colegas de trabalho, isolamento, sensação de angústia ao ir para o trabalho, entre outros sintomas. No Brasil, estima-se que 32% dos profissionais sofram com esse esgotamento no ambiente de trabalho.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que provoca a diminuição das funções cognitivas, uma vez que as células cerebrais degeneram e morrem, causando declínio constante na função mental. Os principais sintomas da doença são: dificuldade de memória (especialmente de acontecimentos recentes), discurso vago durante as conversações, demora em atividades rotineiras, esquecimento de pessoas e lugares conhecidos, deterioração de competências sociais e imprevisibilidade emocional.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa doença é responsável por 60% a 70% dos casos de demência – grupo de distúrbios cerebrais que causam a perda de habilidades intelectuais e sociais. Estima-se que 47 milhões de pessoas sofram de demência no mundo, sendo registrados 10 milhões de novos casos anualmente. No Brasil, o Alzheimer está entre as dez maiores causas de morte e é um problema que afeta 1,2 milhão de pessoas.
Por ser uma doença incurável, o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença já que o tratamento ajuda a impedir o seu avanço e amenizar os sintomas.