Um néctar doce com variações de cor entre o amarelo, o castanho ou o marrom, com espessura densa e melada, que é totalmente produzido na natureza e ainda é riquíssimo em nutrientes e vitaminas benéficos para a saúde humana. É o trabalho de uma vida: a das abelhas. Em 20 de maio é comemorado o dia desses insetos essenciais para a existência humana, que não só polinizam as flores, como também são autossuficientes e possuem um esquema de organização invejável nas colmeias. O mel desde os primórdios do mundo vem sendo utilizado pelo homem há pelo menos 10 mil anos, seja como alimento, para o banho e até mesmo em tratamentos médicos.
Desenvolvido a partir do néctar das flores e processado por enzimas digestivas das abelhas, o mel é fonte de carboidrato, macronutriente importantíssimo para fornecer energia de forma rápida para as células do corpo.
Propriedades funcionais do mel ao organismo humano:
A ação antimicrobiana, antibiótica e bactericida do mel é capaz de inibir a proliferação e combater microrganismos responsáveis por inflamações na garganta. Dessa forma, além de todos os outros benefícios, o mel ainda ajuda no alívio de sintomas como a dor de garganta e problemas respiratórios.
Contraindicações - O mel não deve ser utilizado por:
Quanto consumir
A recomendação de uso, para que não afete em uma alimentação saudável, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), é de no máximo 50 g/dia de qualquer açúcar. Segundo a nutricionista, o ideal é tentar reduzir o consumo para 25 g/dia. Por isso, o consumo de mel deve ser bastante moderado: cerca de uma colher de sopa cheia por dia já é o suficiente.
– Por ser uma fonte de carboidrato de rápida absorção (frutose e glicose), o mel é uma boa opção de energia para quem treina, podendo ser usado antes e durante o treino. A quantidade vai depender da intensidade, tempo e tipo de treino de cada atleta. Suas propriedades funcionais ajudam na recuperação dos danos causados pela atividade física, como inflamação, baixa da imunidade e excesso de radicais livres gerados – relata a nutricionista Michelle Ferreira.
Opinião da nutri: mel, adoçante, ou açúcar? Qual é o melhor para a saúde?
– Na minha prática clinica, sempre recomendo e incentivo os pacientes a tentar se acostumar com sabor natural do alimento, sem necessitar adoçar. Quando for necessário adoçar, use o mel ou açúcar mascavo com moderação! Em torno de 1 colher de chá ou sopa por dia, dependendo do perfil do paciente e em qual momento do dia usar. O mel, com certeza, é a melhor opção para adoçar comparado principalmente com açúcar refinado, demerara e adoçantes, ao menos para pacientes não diabéticos e com intolerância a frutose. Além do sabor doce, o mel possui propriedades funcionais incríveis que ajudam na manutenção e equilíbrio da saúde – opina a especialista Michelle Ferreira.
Como escolher o mel ideal?
Jean-Philippe Marelli checando sua colmeia e a produção de seu mel — Foto: Arquivo pessoal/Alfa Dolfini
Jean-Philippe Marelli é apicultor e meliponicultor há 2 anos. Segundo ele, o mel é um dos produtos mais adulterados que existem após sua extração. É muito fácil encontrá-lo misturado com xarope de açúcar ou melaço de cana e ainda assim, ter uma consistência muito parecida com a do mel totalmente puro. Uma das maneiras de saber se o mel é adulterado ou não, é através de um teste que Jean ensina:
Ainda segundo o apicultor, o grande fator que torna a adulteração do mel prejudicial é que muda suas propriedades. O mel puro de abelha possui vitaminas e agentes antimicrobianos que são únicos, pois são desenvolvidos através das enzimas específicas das abelhas, portanto, quando o mel é adulterado, diminui suas propriedades nutricionais. A melhor maneira de assegurar a qualidade do mel que está comprando, é consumir de preferência de produtores locais.
– Se possível, escolha sempre comprar o mel diretamente de um apicultor local. Se não for uma opção, procure se atentar à origem do mel e procurar se tem algum selo de certificação como o da agricultura orgânica ou familiar. Estes são fortes indicativos de mel de qualidade. Também sugiro evitar o mel importado, eles não têm a mesma qualidade que os nacionais – orienta o especialista.
Por que existem diferentes tipos de mel?
Uma colmeia pode ter entre 30 e 50 mil abelhas — Foto: Divulgação/Getty Images
No Brasil existem muitas variedades do produto. Eles possuem características distintas e mudam de acordo com a planta de onde é extraído o néctar, a localização geográfica dessas vegetações e das espécies de abelha produtoras. Sendo assim, o mel pode apresentar consistências, sabores e cores diferentes. As floradas mais comuns são: mel de flor de laranjeira e de flores silvestre, de eucalipto, de assa-peixe e de cipó-uva. Conheça a característica de cada florada e escolha o melhor mel para seu paladar.
De acordo com o apicultor, cada espécie de planta tem uma composição específica no néctar de suas flores, a substância açucarada produzida pelas flores para atrair as abelhas. Ao mesmo tempo que as abelhas visitam as flores para colher o néctar, elas ficam cheias de pólen e levam esses resquícios em seus corpos de flor em flor, realizando assim, o processo de polinização ou fecundação das flores. Desta forma, como cada flor tem um néctar específico com gosto e fragrância particulares, elas também geram um mel de sabor e aroma específico, dependendo das flores e das abelhas que são utilizadas para a extração deste mel. Além desses dois processos, vale lembrar que as abelhas também coletam um pouco desse pólen e o estocam como reserva de proteína.
Por que o mel cristaliza? Como conservar?
Mel cristalizado não significa que está estragado, muito pelo contrário — Foto: Istock Getty Images
É comum que algumas pessoas percebam que após um tempo guardado, o mel pode acabar cristalizando na própria embalagem. Isso gera uma certa dúvida sobre a origem e a qualidade do mel, mas o apicultor afirma que o fato do mel cristalizar não é nem um pouco ruim, pelo contrário; na verdade representa um sinal de pureza do produto.
– O produto pode acabar cristalizando porque os açúcares do mel podem tomar uma forma sólida com baixas temperaturas ou dependendo do tipo de flor que gerou o mel. Isso não é ruim, na verdade mostra que o mel é puro. Para reverter a cristalização basta colocar o mel em banho maria por alguns minutos para que a cristalização se desfaça e o mel volte ao seu aspecto normal – ensina Jean-Philippe Marelli.
A melhor maneira de armazenar o mel para aumentar sua durabilidade é conservando em um lugar fresco. Não existem grandes mistérios ou técnica específica de armazenamento. O que os apicultores orientam é para não guardar o mel na geladeira.
O mel é um dos produtos mais estáveis que existe por seu alto conteúdo de açúcares e baixo teor de água, o que aumenta muito a sua durabilidade. Os açúcares são higroscópicos, ou seja, significa que eles têm pouca água, mas podem absorver a umidade caso fiquem expostos. No entanto, raros são os microrganismos que sobrevivem à essas condições, o que torna o produto menos passível de ser corrompido ou "estragado" por bactérias, ao mesmo tempo, o mel é extremamente ácido. Seu pH fica entre 3 e 4,5 – sendo 7 um pH neutro – e essa acidez é capaz de matar diversos microrganismos.
Fontes:
Jean-Philippe Marelli é diretor científico, apicultor e meliponicultor há 2 anos.
Michelle Ferreira é nutricionista da equipe Nutrindo Ideais, com foco em nutrição funcional esportiva, especializada em saúde da mulher e fertilidade. CRN 06100215. Instagram: @michelleferreiranutri